10.9.12

"As palavras também fazem amor"

Por José Luís Nunes Martins

Se é fácil concordar com a ideia de que as palavras podem fazer grandes males, por que razão não são vistas como precursoras do maior bem? Afinal, sendo leves como o vento e fortes como o mar; as palavras, e os silêncios entre elas, são capazes de trazer e levar Deus, de criar e destruir o amor... (...) As palavras mais ricas não são necessariamente as literárias de Nobel, mas as autênticas, as que trazem consigo luz, um sentido para a vida. Neste caso, são simples. Só o que conseguirmos dizer a uma criança pequena, sem equívocos nem adornos, é realmente verdade. Tudo o mais é... pior que o silêncio.
Há momentos em que explodimos, momentos em que a vida se ilumina por uma claridade de outro mundo. O amor aparece. Num olhar. Numa palavra simples que traz consigo uma intimidade toda, que transforma o mundo e inaugura um novo futuro. (...)
O conceito de amor é tanto mais definido e claro quanto mais sentimentos considerados vizinhos englobar, tais como amizade, esperança, fé, saudade, paixão, etc., mas que num amor autêntico se fundem numa só realidade. Um só sentir. Em mais do que um coração.
O amor também confunde, desordena e agita. Porque não é a regra, mas uma excepção. (...) O amor verdadeiro é tranquilo como um céu azul, apesar de conter e palpitar trovoadas de esperança.
Todas as palavras são supérfluas se não vierem do fundo do coração, pois quando não trazem essa luz apenas aumentam a escuridão. A maioria dos desentendimentos entre as pessoas deve-se às palavras (...)
O amor capaz de felicidade não é um desejo, porque não visa a sua própria satisfação, mas sim uma forma de ser. Sendo, simplesmente. Não busca capturar o outro para dentro de si, mas tão-somente conseguir que quem o sente seja quem é. Como se quem ama se desse conta de que é apenas a metade da construção de um verdadeiro sorriso.
in i (25.08.2012) 

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