14.2.09

Dia dos Namorados

"O Dia de São Valentim é todo ele sobre pressão, drama, horror, sofrimento. Seja para namorados ou solitários. (...) Não tenhamos ilusões: é o pior dia do ano. Falo por mim. Nos meus tempos de solitário, nada havia de mais deprimente do que, em cada anúncio de paragem de autocarro, em cada esquina, em cada montra de loja de centro comercial, ser lembrado - com coraçõezinhos e ursinhos e bombonzinhos e cupidinhos - da minha triste condição de encalhado. Já bem basta que nessa altura das nossas vidas se torna evidente que todas as cantigas que passam na rádio falem de amor e pareçam gozar connosco. Ainda tem de haver um raio de um dia que sublinhe a nossa desgraça como se de um marcador rosa fluorescente se tratasse?!
Nos tempos de compromisso, muda a pressão. O que lhe vamos comprar? E se nos esquecemos? E se não estamos à altura do que se espera que façamos nesse dia? E se o cônjuge de uma amiga dela faz uma coisa muito mais espectacular que nós? Nós a darmos uma lingerie sexy à nossa mais-que-tudo; ele a dar uma viagem-surpresa a Paris à dele? Que relação resiste a isto? O Dia de São Valentim é uma armadilha cor-de-rosa a cheirar a morango. No entanto, no centro da fofa e convidativa almofada, reside uma lâmina aguçada e sanguinária. Dia dos Namorados? Todos os do ano. Excepto o malfadado 14 de Fevereiro.

Até porque, vamos lá concordar, só alguns mais privilegiados é que conseguem ter um descansado e relaxado Dia dos Namorados, e falo dos que decidem sair para jantar duas horas antes do habitual. (...) Creio que se pode ter o mais maravilhoso dos dias, desde que não se vá em conversas."

Por Ana Galvão e Nuno Markl in Metro

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